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Mercado da longevidade movimenta R$ 1,6 trilhão por ano no Brasil


A economista Desirée Mota passará a fazer parte, neste ano, do grupo de brasileiros 60+ (Fotos: Edimar Soares)

Catharina Queiroz
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“Uma mulher independente financeiramente, bem resolvida emocionalmente, profissionalmente satisfeita, sociável e muito bem fisicamente”. É assim que se sente a economista Desirée Mota, de 59 anos, prestes a entrar para a faixa etária dos considerados “idosos”. Segundo ela, a maturidade a fez perceber que tem uma responsabilidade maior em viver e aproveitar o presente, projetando o futuro. “Pretendo manter minha qualidade de vida e viver financeiramente bem, sem depender de outras pessoas”, frisa.

Os idosos, público com 60 anos de idade ou mais, já supera os 30 milhões de indivíduos no País, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O mercado que desenvolve novos serviços e produtos voltados para essa faixa etária é o segmento da economia da longevidade, responsável por movimentar mais de R$ 1,6 trilhão por ano no Brasil e que deve crescer ainda mais, uma vez que as projeções, daqui a 30 anos, sugerem que 1 em cada 4 brasileiros será idoso.

Desirée Mota observa que, com o aumento da longevidade em território nacional, o custo com a Previdência Social vai aumentar, com pessoas cada vez menos contribuindo e mais se aposentando. Por outro lado, há uma tendência de grandes oportunidades de nichos de mercado para profissionais e para empresas.

“O aumento do hábito de realizar compras online por parte dos 60+ tem chamado a atenção para produtos de higiene, limpeza, supermercado e farmácia, assim também como vestuário. Aparelhos para proporcionar saúde e bem-estar, como medidores de pressão, bengalas e colchões ortopédicos, artigos de casa e decoração e até mesmo livros, se tornam bem procurados nessa fase da vida. Existe um grande investimento em academias especializadas para 60+, com musculação, hidromassagem e pilates, e em clínicas de estética que oferecem tratamentos antienvelhecimento”, ressalta a economista.

Experiência

Analista de competitividade do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), Flávio Barros ressalta que é fundamental tornar a experiência do consumidor mais prazerosa, o que certamente ajudará na fidelização, além de promover uma divulgação interessante para a empresa.

“É necessário pensar que essa parcela da população, formada por um consumidor diferente devido às suas características fisiológicas e sociais, tem suas deficiências físicas e cognitivas, mas tem autonomia, bom poder aquisitivo, dentre outras características”, afirma.

Para Roberto Alves, militar veterano de 63 anos, apesar de ter uma vida ativa e saudável, envelhecer não é confortável. Ele afirma viver de lembranças da juventude, quando realizava muitas viagens, tinha um leque de programações a escolher, o que vem mudando com o avanço da idade.

“Os idosos, muitas vezes, são invisíveis à sociedade. Até mesmo em uma academia, por exemplo, é difícil se relacionar, inclusive para quem é comunicativo e gosta de interagir com todos, como é o meu caso. Nos últimos anos, meus hábitos mudaram, meu consumo mudou, o lugar que mais frequento atualmente é a farmácia e clínicas médicas. É impossível dizer não sentir o peso da idade, mesmo tendo um espírito jovem”, relata.

Para tentar levar a vida de maneira mais leve, Roberto pratica atividade física regularmente, gosta de corrida e musculação, ama ir à praia, ao cinema, tomar cerveja e estar entre amigos. “Não vivo satisfeito com o envelhecimento, se pudesse trocaria minha idade com uma pessoa de 30 anos”, brinca. Porém, diz ser feliz e grato a Deus. “Pela minha saúde e por tudo que conquistei até aqui. Tento levar a vida da forma mais leve possível”.

Aumento na expectativa de vida do brasileiro estimula presença de idosos no mercado de trabalho

O militar veterano Roberto Alves, 63 anos, mantém uma vida ativa e saudável

Por ainda ter muito a ser explorado, o mercado da longevidade vem atraído empreendedores inovadores, que trazem a criatividade aliada à tecnologia para atender a esse público. Com a expectativa de vida do brasileiro estimada em 75,5 anos, o grupo de pessoas com 60+ também tem ocupado mais espaço dentro das empresas. Não só consomem, mas também trabalham.

A proporção de trabalhadores brasileiros com 40 anos ou mais cresceu. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e e Estatística (IBGE), de 2012 a 2023, a participação de pessoas nessa faixa etária no mercado havia passado de 38,6% para 45,1%, o equivalente a quase 11,5 milhões a mais de empregados.

Até 2030, de acordo com pesquisa da consultoria internacional Brain & Company, cerca de 150 milhões de postos de trabalho irão para pessoas acima dos 55 anos nas nações do G7, que reúnem as principais economias do planeta: Alemanha, Canadá, EUA, França, Itália, Japão e Reino Unido. Vale ressaltar que poucas empresas estão se preparando para integrar os mais velhos a um ambiente multigeracional, por exemplo, reforçando suas habilidades na área digital.

Segundo Isabela Edson, especialista em RH, atualmente, as empresas possuem profissionais de gerações baby boomers, gerações X, Y, Z – os milênios, e está chegando a geração alpha. Isso mostra que existe um espaço intergeracional. Os profissionais de 60+ estão mais concentrados em subempregos – cargos operacionais e trabalham porque precisam – ou executivos, em sua maioria.

Desafio

Para ela, o principal desafio para se trabalhar com o profissional sênior é lidar com o preconceito, que geralmente começa com os CEOs das próprias empresas. Isabela observa que esse preconceito começa cedo, a partir dos 40 aos de idade, a maioria das empresas já considera esse profissional velho e improdutivo.

“As empresas que se importam com saúde emocional, com o bem-estar dentro da empresa, não trazem com exclusividade o público 60+, ou 50+. Elas trazem a empresa com uma cultura efetiva em trabalhar o bem-estar, a segurança psicológica, entender que aquele espaço corporativo é um espaço também de partilha, onde se deve performar bem, conseguir um entendimento melhor e contribuir melhor com as atividades. Ela proporciona momentos de escuta, sentimento bom em relação àquele ambiente, até que seja percebido que os valores do empregado comungam com os da empresa”, explica a especialista.

“Tais iniciativas que criam um ambiente saudável e inclusivo para o idoso não são exclusivas de idade, nem de gênero. É algo criado para a empresa como um todo. As pessoas trabalham satisfeitas, são respeitadas e muito mais abertas a pessoas diversas, estabelecendo um olhar de inclusão, tanto em relação à idade como ao gênero, estereótipos etc”, complementa.

Segundo ela, a tecnologia ainda é um impasse, porque nem todos os profissionais 60+, 50+, são aptos e capacitados para inovações tecnológicas. Na opinião da especialista, é importante entender que os mais jovens podem somar, contribuindo com um mundo cheio de criação, desenvolvimento de startups, novos modelos de gestão e negócios onde exista inclusão.

“Além de ser um público que em geral é ativo, são pessoas que planejam o futuro. Muitos pensam em montar um negócio, em utilizar o tempo de forma diferente. Em geral, as pessoas procuram e mantêm uma postura corporativa. Os bons profissionais não ficam fora do mercado, alguns prestam consultorias bem específicas, voltadas para o nicho de atuação deles. Porém, alguns não se qualificam e acabam perdendo oportunidades para os mais jovens e mais qualificados”.

Direito dos idosos: saiba o que diz o Estatuto da Pessoa Idosa

Os idosos tiveram uma grande conquista, a promulgação da Lei 10.741 de 1 de outubro de 2003, identificada como Estatuto da Pessoa Idosa. De acordo com o documento, todas as pessoas devem proteger a dignidade da pessoa idosa e nenhum deles pode sofrer qualquer tipo de negligência, discriminação, violência, crueldade ou opressão, sendo que qualquer descumprimento aos seus direitos será punido por lei.

Entre os benefícios amparados pelo Estatuto estão: atendimento preferencial; acompanhante em hospitais; medicamentos gratuitos; transporte público gratuito; isenção de pagamento de IPTU; pensão alimentícia; tramitação de processos na justiça; vagas exclusivas; meia-entrada.

Com a aprovação do Estatuto, os problemas que envolviam abandono, discriminação, negligência, violência física e psicológica, abuso financeiro, bem como atos de crueldade e opressão contra os idosos foram criminalizados e passíveis de punição.

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