Mesmo diante do impasse em torno da usina de dessalinização na Praia do Futuro, em Fortaleza, a Angola Cables anunciou investimento de R$ 400 milhões em novo data center no local. Para a Companhia de Água e Esgoto (Cagece), o aporte privado confirma ser possível a coexistência entre o equipamento e os cabos submarinos.
A “disputa” pelo território ocorre desde 2022, quando as empresas de telefonia alegaram haver riscos de prejudicar o hub de fibra óptica, cujo funcionamento leva conectividade para a África, Europa, América do Norte, América Central e América do Sul. As teles disseram, ainda, que a infraestrutura também iria inviabilizar novos investimentos.
Em nota, a a Angola Cables disse que continua “atuando normalmente e mantém a execução dos projetos atuais e estudo dos projetos já desenhados para o Brasil”. “Com relação à usina de dessalinização, a Angola Cables segue aguardando as decisões dos órgãos envolvidos”, finalizou.
Já a Cagece frisou prever a construção da planta ainda neste semestre, após autorização dos órgãos competentes, sem qualquer alteração no projeto.
“A companhia informa ainda que vê como positivo o investimento no novo empreendimento da Angola Cables, na Praia do Futuro, confirmando que, baseada nos estudos técnicos e ambientais realizados, é possível a coexistência da planta de dessalinização com as infraestruturas de dados existentes e também com outras que venham a se instalar naquela região”, apontou, em nota.
Anteriormente, a Cagece já havia descartado mudar a usina de dessalinização de lugar porque custaria até R$ 201,5 milhões a mais aos cofres públicos. Para tentar acalmar os ânimos, no entanto, ainda chegou a ampliar a distância do equipamento de 50 metros para 500 metros, com custo adicional de cerca de R$ 40 milhões.
Investimento importante
Para o professor Departamento de Telemática do Instituto Federal do Ceará (IFCE), Moacyr Moreira, o investimento da Angola Cables “é bem importante” para o Estado, considerando ser um dos maiores pontos de interconexão do mundo.
Ele pondera, no entanto, considerar insuficiente a distância de 500 metros para garantir a segurança dos cabos durante a manutenção da usina, como a sucção da água. “Pode ser que os investidores tenham receio, embora não tenha sido o caso da Angola Cables”, diz.
“Eu acredito que acima de um quilômetro é uma distância razoável, mas dois quilômetros seria o ideal”, completa.Moacyr Moreira
Professor Departamento de Telemática do IFCE
Novo data center
Na última segunda-feira (22), o governador do Ceará, Elmano de Freitas, e o CEO da Angola Cables, Ângelo Gama, anunciaram o novo investimento da Angola Cables. A empresa vai construir um segundo data center de grande porte, que terá 960m², instalado na Praia do Futuro.
As obras da primeira fase do empreendimento terão início no segundo semestre deste ano. O investimento será de mais de R$ 250 milhões (cerca de US$ 50 milhões), chegando a R$ 400 milhões até a conclusão, em 2025.
“Muito importante a decisão da parceria que temos aqui no estado para criarmos o Ceará como um grande polo tecnológico para o Brasil. E essa parceria com a Angola Cables é muito importante para o nosso povo. Será um investimento que gerará empregos na construção do data center, vai gerar empregos para as pessoas que depois vão trabalhar na empresa e eu tenho certeza que são passos como este que vão transformar o estado em uma referência para o Brasil e para o mundo”, destacou Elmano.