Candice Machado
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Em todos os lugares, momentos encantados, a ingenuidade da infância, música e fantasia. A potência do trio elétrico, a exuberância das escolas de samba, tempo de maracatu, frevo e blocos de rua. O Carnaval é rito de alegria para dizer ao mundo que estamos vivos. “Para mim, representa prosperidade, união em prol de um objetivo comum e muita afetividade”, afirma a cantora e publicitária Bárbara Sena, de 33 anos.
Filha da servidora pública Diana Sena e do renomado multi-instrumentista e compositor Tarcísio Sardinha, falecido em 2022, Bárbara fala sobre a magia e o engajamento que o período momino inspira em sua vida. “A maneira como meu pai tocava o repertório de Carnaval me encantava e, seguramente, contribuiu muito para que eu me apaixonasse pelo estilo”.
Ela acrescenta que a data sempre teve impacto considerável na economia da família, unindo ainda mais seus integrantes. “Geralmente, meu pai trabalhava no Carnaval de Fortaleza. Familiares, músicos ou não, atuavam direta ou indiretamente para que os shows acontecessem, além de todo o apoio dos amigos e dos fãs. Sempre foi uma época de muita festividade e celebração na minha história de vida”, relembra Bárbara.
Economia criativa
O economista e membro do Conselho Regional de Economia do Ceará (Corecon-CE), Ricardo Eleutério, destaca o papel crucial do Carnaval na economia criativa e destaca a amplitude desse impacto, que se estende a outros segmentos.
“Produção musical, artes visuais, serviços e produtos desenvolvidos a partir do conhecimento e da criatividade são fomentados e estimulados durante essa festividade. Mas também o setor de turismo e negócios, que representa dois terços da economia do Ceará e do Brasil. Podemos destacar ainda transporte, hospedagem e hotelaria, alimentos, bebidas, bares e restaurantes… Todos experimentam benefícios econômicos graças às atividades carnavalescas”, analisa.
Bares e restaurantes
O período de festas nas ruas e nos bares, nos clubes e até nos shoppings deve trazer aumento de 15% no faturamento do setor de bares e restaurantes, projeta a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), com destaque para as cidades de Salvador, Belo Horizonte, Recife, Rio de Janeiro e São Paulo.
Segundo o presidente da Abrasel no Ceará, Taiene Righetto, “em relação aos meses normais, espera-se crescimento de 10% a 15% no faturamento, enquanto a expectativa em comparação com o ano passado é manter-se equivalente”.
Amandha Leitão, diretora executiva do Grupo ParkFor, que está à frente do Imprensa Food Square, relata que o Carnaval de 2023 gerou aumento de 12% no faturamento. O empreendimento já se prepara para receber os foliões no Maraponga Food Square, onde, há dois anos, ocorrem as festividades.
“As pessoas estão optando por ficar na cidade, então a nossa expectativa é de crescimento. Já começamos o Pré-Carnaval com bandas temáticas e promoções exclusivas, como chopp liberado por 30 minutos, todos os sábados, até o Carnaval”, diz.
Injeção
De acordo com Ricardo Eleutério, em 2023, o período do carnaval movimentou mais de R$ 8 bilhões na economia brasileira, avanço de 10% a 12% ante 2022. “O cenário para 2024 é de novo crescimento, também em torno de 10%,, devendo chegar em torno de R$ 10 bilhões”, estima. “Menores taxas de inflação, juros e desemprego são fatores que tornam a atividade do Carnaval mais pulsante, do ponto de vista econômico”, analisa.
Bárbara Sena avalia que a época carnavalesca é favorável financeiramente, mas também é sinônimo de investimentos. “Sou cantora, mas também empreendedora, então é preciso equilibrar o que entra e o que sai”, observa. “Ano passado, foi possível dobrar o faturamento em relação aos meses comuns, mas também é o período do ano em que mais invisto em figurino, aproveitando para montar meu acervo de shows. Também faço questão de investir no cachê das músicas e dos músicos que atuam comigo”, diz.
Para ela, a data representa um momento especial e existe atenção para uma extensa cadeia produtiva. “Faço questão de montar a banda com grandes profissionais e de escolher o repertório a dedo. Amo cantar o Carnaval e sinto que é uma forma de dar continuidade ao legado do meu pai, que amava alegrar a vida das pessoas”, reforça a cantora, que teve a oportunidade de comandar os palcos com a antiga banda de Tarcísio Sardinha, homenageado pela Prefeitura de Fortaleza no Carnaval de 2023.
Ciclo Carnavalesco de Fortaleza é oportunidade de renda extra para pequenos empreendedores
Em Fortaleza, o Ciclo Carnavalesco deve injetar cerca de R$ 1 bilhão na economia local, segundo o secretário municipal de Cultura, Elpídio Nogueira. A expectativa que a cidade receba uma média de 150 a 200 mil pessoas durante o período que engloba o Pré-Carnaval, que começou no dia 12 de janeiro e segue até 4 de fevereiro, e o Carnaval, dos dias 10 a 13 de fevereiro.
Além de impulsionar a economia, a temporada festiva também representa uma oportunidade de renda extra para os comerciantes locais, que recebem o suporte e ordenamento do município. “Para regularizar esse comércio informal, a Prefeitura realiza, por meio de suas regionais, o cadastro desses vendedores ambulantes. Essa ação faz parte do ordenamento dos espaços públicos, ou seja, da organização desses locais”, explica Natália Rios, titular da Secretaria Executiva Regional (SER) 4, que, dentro do Ciclo Carnavalesco de Fortaleza, abriga os polos Benfica (Praça João Gentil) e avenida Domingos Olímpio.
A partir de um estudo local, é delimitado um número de vagas de comércio fixo e ambulante a serem preenchidas por meio de cadastro. Para o Ciclo Carnavalesco 2024, a Prefeitura de Fortaleza realizou o cadastro de 1.220 vendedores ambulantes, que irão trabalhar com o comércio de alimentos, bebidas e adereços nos pólos de Pré-Carnaval nas Regionais 2, 3, 4 e 12. O número de cadastrados é mais que o dobro de 2023, quando foram autorizados mais de 550 vendedores ambulantes.
Luanda Vieira, 31 anos, empreendedora do ramo de alimentos, atua há três anos na praça Luiza Távora com um carrinho fixo de comidas típicas e, há dois anos, realiza o cadastro para o Polo Benfica, da Regional 4.
“O Pré-Carnaval é o momento que esperamos para bater metas e organizar os próximos meses, pois o começo do ano vem com escola, licenciamento, muitas obrigações. Posso até afirmar que a gente fatura um pouco mais que o dobro. E com essa renda extra, a gente cobre os compromissos e investe nas mercadorias, para trazer melhorias ao nosso negócio”, conta.
Com as autorizações, os pequenos comerciantes podem exercer suas atividades, de maneira regular e cumprindo normas de segurança, como destaca o secretário da Gestão Regional (Seger), Ferruccio Feitosa. “O prefeito Sarto tem trabalhado através da Secretaria de Desenvolvimento Econômico para gerar emprego, renda e melhor qualidade de vida para as pessoas. E nós, enquanto Seger, aproveitamos os momentos que temos eventos oficiais para dar oportunidade de as pessoas terem uma renda extra”.
Carnaval
Para as festas de Carnaval, as Regionais 2, 4 e 6 farão cadastro para os ambulantes interessados em trabalhar nas festividades. O número de vagas disponíveis nos polos Mocinha e no Aterrinho da Praia de Iracema ainda está em definição pela Regional 2. Na Regional 4, os eventos acontecerão na Praça João Gentil e na avenida Domingos Olímpio e, para esses locais, foram disponibilizadas 255 vagas.
No polo do Mercado da Aerolândia, a Regional 6 disponibilizou 10 vagas para os comerciantes interessados. Já as Regionais 3 e 12 utilizarão o mesmo banco de dados de cadastros do Pré-Carnaval, sendo 387 comerciantes autorizados para o comércio no Polo Rachel de Queiroz, na Regional 3, e 93 nos polos Mercado dos Pinhões e Passeio Público, na Regional 12.
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