No segundo semestre deste ano, a entidade deve inaugurar uma espécie de pré-mercado noturno, entre 18h30 e 21h45
Entre os planos da B3 para 2024 está a negociação de ativos após o horário convencional. No segundo semestre deste ano, a entidade deve inaugurar uma espécie de pré-mercado noturno, entre 18h30 e 21h45, após o fechamento do mercado à vista (entre 10h e 18h). Inicialmente, serão negociados apenas dois contratos futuros, o de Ibovespa e o de bitcoin.
Segundo Gilson Finkelsztain, presidente da B3, a ideia de um o horário estendido surgiu de uma demanda do investidor de varejo, ou seja, pessoa física. “Tem muita gente que gostaria de operar no final do dia. Acho que tem um certo represamento de algumas operações. No final do dia, é um teste. Aumenta custo, aumenta risco. Temos que testar se vai ser bom ou ruim para a liquidez”, disse o executivo em encontro com jornalistas nesta quinta-feira (18).
Segundo Finkelsztain, a Bolsa também discutiu aumentar em uma hora o pregão. “Alguns adoram, alguns odeiam porque falam que a liquidez vai ser a mesma, o volume vai ser o mesmo, só que diluído em mais tempo. Outros falam que não, que vai ter mais gente. É arte. Não é ciência. Temos que testar e irmos nos adequando.”
Outro objetivo é a revisão das regras do Novo Mercado da B3, o de mais elevado padrão de governança corporativa, especialmente após a crise da Americanas, que estava listada neste segmento. “Os aprendizados de eventos corporativos ajudam na discussão”, disse Finkelsztain. A última vez em que esse regulamento foi alterado foi em 2017, passando a valer em 2018.
No entanto, o maior esforço da empresa de infraestrutura do mercado de capitais no momento está em algo mais tradicional, diz Finkelsztain. “O desafio deste ano é aumentar a liquidez do mercado secundário de dívida”, diz o executivo. Segundo ele, a eventual isenção no imposto dos títulos de dívida privada a investidores estrangeiros poderia contribuir para esse objetivo.
Enquanto o mercado de dívidas está aquecido, o de ações busca tração em 2024. O mercado espera cinco IPOs (ofertas iniciais de ações, na sigla em inglês) neste ano, depois de dois períodos sem ofertas. De acordo com Finkelsztain, cerca de cem empresas ensaiam abrir capital na Bolsa, mas apenas algumas vão entrar neste ano. “[Essa operação] exige um mercado mais fluido, um fluxo mais robusto, uma dinâmica mais clara do juro chegando a um dígito e a inflação sob controle. Estou mais cauteloso com IPOs.” Ele afirmou ainda que o cenário macroeconômico brasileiro está favorável ao mercado de capitais, mas que é necessário que o governo continue a aprovar reformas e a buscar maneiras de elevar a arrecadação, mantendo a meta de zerar o déficit. (Júlia Moura/Folhapress)
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